terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os olhos

Seus gostos nunca foram refinados.
Nem rezar sabia.
Sua tolerância contemplava o medo e tinha receio de sorrir em excesso.
Quando tinha certeza, era porque fora capturada pela dúvida e seu reflexo no espelho era sempre torto.
Tinha grande prazer em comer e apreciava o cheiro do café matinal.
Tinha uma falsa impressão de si mesma e dormia com os olhos entre abertos.
Dormia tarde e acordava cedo. Gostava das coisas cruas e não lhe amedrontava os fortes ventos.
Era pequena, porém de enorme coração. Poucas coisas a deixavam com medo e a solidão lhe tornava admirável e feliz.
Sabia ser, desde o princípio...

Ingenuidade talvez, mas raramente perdera a cabeça.
Nem sempre paciente, mas sempre disposta a esperar. Observava os detalhes e tinha uma memória de elefante.
Lembrava de tudo e mais um pouco, esquecia tranquilamente e tornava a sorrir.

Vivia de poucos encantos e passava despercebida pela rua, sua beleza era quase nula.
Enxergava o invisível e tinha olhos bem marcados e grandes. Queria ver o mundo somente e de seus pensamentos fazer o seu lar.
Doía-lhe as injustiças e anseava por algo melhor.

Era o que podia ser, entregando-se ao mundo, tomando e dando um pouco de tudo

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