quarta-feira, 13 de junho de 2012

Objeto Indentificável

Sou toda composta de preocupação.
Estou tão preocupada que esqueço de viver os detalhes, o completo e o todo.

Hoje eu queria escrever no masculino só pra ver se preocupo menos.
E toda essa volta, refletindo o suor, a espera, a ânsia inesgotável como a um prematuro que não vê a hora de nascer.

A espera é tão sufocante que me corta o ser. Se eu vivesse só de vida, bastaria?
É que viver somente, é tão simples que não me basta. Tenho que estar atenta a todo o instante, a todo momento que está sendo. E só assim é como se de fato eu vivesse.
Nem sequer posso piscar, os olhos petrificam-se na tentativa de absorver qualquer tempo. Um segundo é dolorosamente observável. Se passa, já sucumbi.

O Homem no genérico é masculino, quando trato-me de um todo sou Homem e por isso masculino também. Ser Homem é vasto, o feminino é o oposto, o contrário, um adjetivo... Um objeto!
Ser feminino é delicado, e por isso cheio de preocupações. Como se não bastasse, ainda carrego esse fardo, e ainda cabe-me viver Mulher.
Já bastariam as dores e aflições da humanidade, ainda venho detalhe, pequena e solitária.

Estou muito preocupada, por isso sinto a vida pulsando aqui, forte e atenta. Tenho muitas coisas pra pensar e não estou com vontade. Tenho muitas pessoas a lembrar e mal tenho memória de mim.

Se eu fosse sozinha no mundo com o que eu me preocuparia? Perguntar já é me preocupar e não poder livrar-se de se esquecer.
Esquecer é quase como morrer na memória, mas continuo sendo objeto, objeto de mim mesma, que só consigo identificar porque preocupo e nada mais me resta.
Essa é minha essência imutável, constituída pelo que se percebe, no mais é fatal.

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